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"Kamala ou Trump: impactos na economia brasileira e os efeitos no dólar, na bolsa e nos juros"

Atualizado: 5 de nov. de 2024

Dois principais temas podem gerar reflexos no Brasil: as contas públicas dos EUA e o protecionismo, marcado pela guerra comercial contra a China.

Os norte-americanos vão às urnas nesta terça-feira (5) para decidir quem será o próximo presidente dos Estados Unidos. E, como esperado, a eleição da maior economia do planeta está sendo acompanhada de perto por agentes econômicos do mundo inteiro, incluindo o Brasil.


A vice-presidente, Kamala Harris, deu novos ares à corrida eleitoral após assumir a candidatura democrata no lugar de Joe Biden, atual presidente do país, que desistiu da disputa em julho em meio à pressão do partido e de eleitores. Com a mudança, cresceram as expectativas sobre como seria a condução econômica em uma eventual gestão de Kamala, que será estreante no cargo caso vença.


 


 

O primeiro debate — e o único — entre Trump e Kamala ocorreu em 10 de setembro, em uma noite marcada pelo tom mais assertivo da democrata, que se impôs, inclusive, em temas mais confortáveis para o republicano, como imigração e economia.


O cenário eleitoral, no entanto, ainda está indefinido. O agregador FiveThirtyEight, que compila e publica a média das pesquisas realizadas até agora, mostra Kamala com 48% das intenções de voto, pouco à frente de Trump, que tem 46,7%.


Especialistas ouvidos pelo g1 explicam que há dois principais temas que tendem a se refletir na economia brasileira após o vencedor assumir o cargo, em 2025:

Democrata Kamala Harris e republicano Donald Trump. — Foto: Reuters


  • O protecionismo, por meio do controle comercial;

  • As contas públicas dos EUA, com as diferentes medidas sobre gastos e incentivos.


Mesmo com semelhanças em alguns aspectos, como a busca pelo fortalecimento da economia norte-americana e a guerra contra a China, a democrata e o republicano têm visões distintas.


Se, por um lado, há um protecionismo mais presente na postura de Donald Trump, Kamala tem princípios mais alinhados a aspectos sociais, com previsão de maior transferência de renda à população mais pobre.

E ambas as condutas podem causar reflexos no Brasil, conforme especialistas.


 


 

Entenda, a partir dos temas abaixo, os possíveis impactos para a economia brasileira:


Os Estados Unidos são o segundo principal parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Isso significa que há um importante fluxo de importação e exportação entre os países.


Welber Barral, consultor especializado em comércio internacional, afirma que a relação do Brasil com os norte-americanos é considerada estável desde o governo de Barack Obama (2009-2017).


Ele aponta, no entanto, que o governo Trump ficou marcado por uma série de decisões "imprevisíveis". Entre elas, medidas contra a importação de produtos chineses, que acabaram impactando também o fluxo de vendas do mercado brasileiro para os EUA.


 

"Trump tem batido muito mais forte contra a China e tem atuado para restringir, principalmente, exportações de tecnologia acessível para o país asiático. Ele também tem ameaçado punir países que comecem a operar na moeda chinesa. Então, com Trump, podemos ter uma sanção indireta — ou seja, uma sanção contra a China e que possa afetar as exportações brasileiras", diz.

 

Por outro lado, o governo do democrata Joe Biden não só manteve, mas também aumentou as tarifas contra produtos chineses. Em maio deste ano, ele elevou as cobranças sobre itens ligados à tecnologia, como veículos elétricos, semicondutores, baterias, células solares, aço e alumínio.


A medida vem em meio à força do gigante asiático no comércio de produtos superbaratos e no mercado de veículos eletrificados. Conforme já mostrou o g1, a China detém quase 20% do mercado global de veículos 100% elétricos.



 

"Os setores brasileiros mais prejudicados são os de aço e alumínio, que representam exportações importantes do país na relação com os Estados Unidos", diz Barral.

 

Queda na exportação pode significar perda na balança comercial brasileira, que é a diferença entre o que o Brasil vende para fora e o que compra de outros países. O saldo negativo da balança (exportar menos do que importar) prejudica, entre outros pontos, a formação de reservas internacionais — valores que um país possui em moeda estrangeira.


 


 

Além disso, impacta negativamente o câmbio: quando há menos vendas para o exterior, há menor volume de dólar entrando no país, o que enfraquece o real frente à moeda norte-americana. Por isso, de forma geral, barreiras comerciais são vistas como negativas por agentes econômicos.


 

"Uma vitória de Kamala Harris poderia levar a uma política externa americana mais cooperativa e menos protecionista, o que beneficiaria o Brasil em termos de comércio bilateral e investimentos", afirma Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações.


 

O economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo, destaca que o acirramento da guerra comercial entre EUA e China após uma eventual vitória de Trump também pode, em outra frente, impactar de forma negativa a indústria brasileira.

"A tendência é que haja uma sobra de produtos chineses, e esses itens vão procurar outras praças, como o Brasil. Então, ficamos mais expostos a produtos ultrabaratos da China, o que pode prejudicar a indústria doméstica e impactar a balança comercial", diz.



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